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terça-feira, 9 de outubro de 2012

O beco


Não sou atleta nem fissurada por academia e isso percebe-se só de olhar. Também não sou rica, nem metida a rica ou coisa que o valha. Eis que segunda-feira, porém, a vida (ou a minha mãe, também se encaixa aqui) resolveu colocar essas coisas à prova.

Minha mãe voltou toda empolgada da academia, dizendo que o ‘personal’ da manhã era muito atencioso e deu a entender que, junto com o preço que ela ia pagar, compensava. Achar qualquer lugar por menos de 100 dinheiros aqui por perto é muito difícil, sério. Concordei, fiquei animada, aquela coisa toda, não aguento mais a galera me chamando de gordinha.

Mas gente. o. que. era. aquilo. Você acha que é uma lanchonete, entra e acha que é um restaurante fechado, anda mais e finalmente acha que é… um lugar muito estranho. Um galpão + alguns poucos aparelhos meio enferrujados + uma piscininha da ‘hidroginástica’. Não sou exigente, juro, tanto que até então eu estava feliz. Daí eu expliquei pro moço, bem explicadinho, que eu já malhei há alguns milhares de anos atrás, que eu sou sedentária e a única coisa que eu faço na vida é caminhar – não porque eu quero, mas porque é necessário, mas isso eu guardei pra mim. Ele resolveu então que seria muito legal eu ficar quarenta minutos… caminhando. Não me canso tanto, acho chato só, mas enfim, não perder  a animação é a saída, bora lá! Aos vinte minutos o chato, porém, se transformou em insuportável quando o CD de músicas disco anos noventa cantadas em inglês por um japonês resolveu repetir. Aquele tecladinho típico foi me deixando deprimida, as pessoas chegando foram me deprimindo, sei lá porquê. Nunca quis tanto dar o fora de um lugar. Aquele beco parecia tanto um portal de volta no tempo que se me dissessem que era 1998 eu acreditaria. Juro. O que veio depois foi só a confirmação do quanto eu amo ter idade física de 65 anos. Só que não. O moço colocava muito peso em todos os aparelhos e debochava de mim quando eu falava que não ia dar conta. Daí eu fazia metada bem devagarzinho e mentia MUAHAH (auto-sabotagem detectada haha).

Saí de lá amando estar em 2012, amando minhas gorduras, amando minhas playlists e querendo mais do que nunca ter 65 anos, para a minha idade física coincidir com a real. Amém.